Despedida

Diogo Stone
2 min readSep 29, 2020

Era um dia comum em Lenórienn. Sedrywen estava em casa, após cumprir suas funções clericais. Cuthalion não estava em casa. Na verdade, estava há tempos fora, lutando em mais uma das intermináveis batalhas da Infinita Guerra. A elfa entendia o desejo de seu marido de lutar por seu lar, e sabia que não estava errado — mas mesmo assim, nessa época da vida, não gostava de lutas e batalhas. Preferia o caminho da cura e do alento. Era uma das coisas que ela gostava nele — ambos, de alguma forma, se completavam. Ela o ensinou um pouco dos primeiros socorros, e ele a ensinou o básico de como usar um arco — ensinamentos que esperava nunca precisar botar em prática.

A clériga estava terminando de preparar algo para comer e pretendia depois aproveitar o silêncio para meditar quando ouviu uma batida na porta.

— Sedrywen? — a voz masculina perguntava — Já chegou?

Sem pensar muito, terminou de derramar o mel sobre as frutas e as torradas e foi atender. A elfa reconhecia a voz. Era Irlandir, um amigo de longa data — e companheiro de Cuthalion. Isso a fez ficar tensa. Ele ainda não deveria estar de volta — muito menos sozinho. Com a mão gelada e o coração acelerado, abriu a porta, já temendo o que imaginava vir a ser o motivo da vinda do arqueiro de cabelos platinados.

— Oi, Irlandir. — perguntou Sedrywen de voz trêmula — Aconteceu alguma coisa? — ela não precisava de resposta. A expressão do amigo dizia tudo. O silêncio que se formou entre eles tornou as palavras desnecessárias.

— Não…

O elfo correu para amparar a amiga, que perdeu as forças das pernas, e estava prestes a despencar no chão. Com calma, ele a conduziu para dentro e fez se sentar sobre um divã, sentando-se ao lado dela, deixando a elfa paralisada em segurança enquanto buscava na cozinha algo para ela beber.

Ele pôs o chá nas mãos de Sedrywen, que começou a bebê-lo automaticamente, com o olhar vazio. O silêncio foi quebrado pelas palavras monótonas da elfa:

— Como?

— Você tem certeza de que quer saber? — a clériga apenas assentiu — Foi em batalha. Uma catapulta o atingiu. Ele não sentiu dor. Nem foi o único. — Irlandir então estendeu a mão na direção da amiga. Nela, havia apenas um broche ensanguentado, com o formato de um arco. O símbolo de Glórienn.

A jovem elfa não resistiu — caiu em prantos. Como viveria sem sem companheiro que seria de vida? Como sua mãe poderia permitir que ele se fosse? Como poderia permitir que ficasse sozinha?

Não, ela não poderia ir por essa linha de pensamento… A sua fé era inabalável, e ela jamais a perderia. Sua mãe lhe daria forças.

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Este é um conto de Carine Ribeiro, eu apenas servi de interlocutor para trazê-lo até vocês. Sigam-na no twitter e instagram.

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Written by Diogo Stone

Diogo é programadore, escritore, game designer e hater de impressoras. Uma pessoa entusiasmada que escreve contos de fantasia aqui e regras de RPG na Naiá Jogos

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